Câncer de Mama

O que é? 

Todo câncer pode ser definido como uma formação anormal e desordenada das células. No caso desse tipo de câncer, isso ocorre geralmente nas células de um ducto mamário ou nas glândulas produtoras de leite (lóbulos).

E o câncer de mama não é uma doença única. Existem vários tipos e subtipos, mas a classificação da doença depende principalmente de onde ela se originou, sua extensão, seu potencial de avanço, presença ou não de receptores hormonais e da expressividade ou não da proteína HER2, que estimula o processo de divisão celular.

Tipos e subtipos

a) Tipo Histológico – Depende de onde surgiu e como o tumor se desenvolve:

  • Carcinoma ductal in situ (DCIS) ou intraductal. Começa no ducto de leite e não cresce no restante do tecido mamário. É considerado não invasivo ou câncer de mama pré-invasivo. Cerca de 20% dos novos casos de câncer de mama são de carcinoma ductal in situ.  
  • Carcinoma lobular in situ – Se orgina nos lóbulos da mama e não atinge os outros tecidos.Pode ter outros focos na mesma mama. Representa 2 a 6% dos casos.
  • Carcinoma ductal invasivo – Representa entre 70 a 80% de todos os cânceres de mama. Pode crescer localmente e invadir outros órgãos através das veias ou vasos linfáticos.
  • Carcinoma lobular invasivo: Nesse caso, o tumor pode se desenvolver localmente ou atingir outros órgãos. Possui receptores de estrogênio e progesterona em suas células, mas não expressa a proteína HER2. É o segundo tipo de câncer de mama mais incidente.Cerca de 10% dos cânceres de mama invasivos correspondem a este subtipo.

Outros tipos menos comuns são: 

  • Câncer de mama inflamatórioÉ um tipo raro que representa de 1 a 3% dos cânceres de mama.
  • Doença de Paget Começa começa nos ductos mamários e se dissemina para a pele do mamilo e aréola. É raro, representando cerca de 1% dos casos de câncer de mama.
  • Tumor filodes – É um tipo muito raro, que se desenvolve no estroma (tecido conjuntivo) da mama, em contraste com os carcinomas, que se desenvolvem nos ductos ou lobos.
  • Angiosarcoma – Começa nas células que revestem os vasos sanguíneos ou vasos linfáticos e raramente ocorre na mama.

 

b) Classificação molecular – Define a presença nas células do tumor de proteínas chamadas receptores hormonais (estrogênio e/ou progesterona) e de proteína HER2 em grande ou baixa quantidade.

  • Luminal A – Tumores que apresentam receptores de estrogênio e progesterona positivos, mas não apresentam a expressão da proteína HER2 (HER2 negativo) e possuem crescimento mais lento das células.
  • Luminal B: Também possuem receptores estrogênio e/ou progesterona positivos, não expressam a proteína HER2 (HER2 negativo) e apresentam um nível mais acelerado de proliferação celular.
  • HER2: não apresentam expressão dos receptores hormonais (receptores hormonais negativos), mas têm a expressão da proteína HER2 (HER2 positivo). Representa 15% a 20% dos tumores de mama.
  • HER 2 baixo: possui baixa expressão da proteína HER 2, com receptores hormonais positivos ou negativos. Esses tumores representam cerca de 50% a 60% de todos os cânceres de mama.
  • Triplo Negativo: não possuem nem expressão hormonal, nem a proteína HER2. Ocorrem com mais frequência em mulheres jovens e em mulheres negras.

Prevenção do câncer de mama

  • Fatores de risco
    • Fatores não mutáveis: 
      • Gênero feminino
      • Idade – a partir dos 50 anos
      • Primeira menstruação antes dos 12 anos
      • Menopausa após dos 55 anos
      • Histórico pessoal ou familiar da doença
      • Existência de mutações genéticas
      • Raça e etnia
      • Mamas densas
      • Doenças benignas da mama
      • Radioterapia prévia do tórax para outras doenças.
    • Fatores mutáveis:
      • Atividade física regular
      • Obesidade
      • Alimentação saudável
      • Não ter filhos ou ter o primeiro filho depois dos 30 anos
      • Não amamentação
      • Uso de anticoncepcionais 
      • Reposição hormonal após a menopausa. 

 

Evitar estes fatores de risco é uma forma de prevenir o câncer de mama, pois reduzindo as chances de desenvolver a doença estamos fazendo a prevenção primária!

Sinais e sintomas – Os principais sintomas do câncer de mama são:

  • Presença de nódulo ou caroço que não dói;
  • Mudança na cor do mamilo;
  • Saída de líquido pelo mamilo;
  • Inchaço ou alteração no tamanho de uma das mamas;
  • Aparecimento de ínguas na axila;
  • Formação de feridas na pele junto ao mamilo;
  • Inversão do mamilo;
  • Alteração na cor ou forma da aréola;
  • Aparecimento de veias na mama que aumentam de tamanho;
  • Coceira na mama ou no mamilo;
  • Presença de um sulco na mama;
  • Mudança nas características da pele da mama, como cor mais avermelhada ou aspecto de casca de laranja

 

Atenção! Mesmo que você não tenha sintoma nenhum que indique um câncer de mama, isso não extingue a possibilidade de você ter a doença. Ela deve ser diagnosticado através de exames de imagem ANTES de se tornal palpável. Mantenha seus exames em dia!

Diagnóstico

Para o diagnóstico precoce do câncer de mama começa com um exame de imagem, que deve ser realizado anualmente ou semestralmente, de acordo com cada caso. Os principais exames são:

  • Ultrassonografia das mamas
  • Mamografia – para mulheres a partir dos 40 anos. Mulheres mais jovens fazem apenas em casos especiais
  • Ressonância magnética das mamas – em casos específicos, de acordo com a orientação médica.
  • Autoexame das mamas – Apesar de ser amplamente divulgado, o autoexame não é uma ferramenta de diagnóstico. Ela deve ser usada para autoconhecimento do seu corpo e das mamas. Mesmo com a realização periódica dele, ainda são necessários exames de rastreamento anuais e exame clínico, feito por um profissional de saúde. Atenção! Quando alguém percebe esses sinais e sintomas, as chances da doença já estar avançada são grandes!

Tratamento

Cada paciente é único e cada tratamento é individualizado. A depender do tipo, subtipo e histórico do paciente, o oncologista orientará o protocolo de tratamento mais adequado. As opções mais comuns são:

Cirurgia

é um dos principais tratamentos para o câncer de mama e seu objetivo principal é retirar o tumor com uma margem de segurança. Além disso, é na cirurgia que é verificado se a doença atingiu os linfonodos axilares (os “gânglios da axila”). Nela, também pode ocorrer a reconstrução imediata ou não, a depender do caso. Os principais tipos são:

  • Mastectomia parcial, mastectomia segmentar, quadrantectomia ou lumpectomia
  • Mastectomia
  • AdenomastectomiaMastectomia preventiva ou adenectomia

Depois da orientação do(a) oncologista, consulte um cirurgião oncológico para realizar a cirurgia. Converse com seun médico para mais detalhes!

Quimioterapia

Apesar da quimioterapia ser um dos tratamentos mais utilizados, nem todas as pacientes diagnosticadas com câncer de mama precisam dele. O(A) oncologista definirá após a análise dos exames, a depender do caso. 

Nela, vários medicamentos são combinados, de acordo com o protocolo estabelecido e ao organismo do paciente. Ao se misturarem com o sangue, são levados para todas as partes do corpo com o objetivo de destruir, controlar ou inibir as células de crescimento rápido.

Os medicamentos podem ser administrados de várias formas, como por exemplo, via oral (forma de comprimido, cápsula e líquido) e intravenosa (na veia ou por meio de cateter para quimioterapia, na forma de injeções ou dentro do soro).

Efeitos colaterais comuns – Queda de cabelo e outros pêlos do corpo, enjôos, náusea, vômito, febre, diarréia, infecção, queda de cabelo, mucosite, toxicidade do sangue e Infertilidade

Radioterapia

Esse é um tipo de tratamento que utiliza radiações ionizantes para eliminar as células anormais de um tumor ou, pelo menos, impedir sua proliferação. Ela pode ser Externa / convencional ou Interna/braquiterapia. 

Efeitos colaterais comuns – Queimaduras, bolhas, descamação e escurecimento da pele, Inchaço e sensação de peso na mama, fadiga, contração do músculo da mama.

Terapia-Alvo

Esse tratamento tem como objetivo destruir e barrar o crescimento de células cancerígenas. Ela pode ser chamada também de terapia molecular ou de terapia-alvo molecular e é uma modalidade de tratamento do câncer mais precisa, que busca atingir a célula maligna a partir do mecanismo celular que lhe deu origem. 

  • Costuma estar associada com efeitos adversos toleráveis;
  • Está disponível para tratar vários tipos de câncer, como por exemplo câncer renal, pulmão, mama, ovários, tireoide, pele, fígado, cólon, reto e leucemia
  • Para que a terapia-alvo funcione, as células cancerígenas precisam apresentar os marcadores moleculares correspondentes;
  • Antes de prescrever o tratamento, o(a) oncologista costuma realizar exames moleculares para poder determinar a sua efetividade, de forma objetiva e individualizada.

Efeitos colaterais comuns  (a depender dos medicamentos utilizados) insuficiência cardíaca congestiva, falta de ar, inchaço nas pernas, fadiga, diarréia.

Imunoterapia

Esse é um tipo de tratamento que vai combater o avanço da doença pela ativação do próprio sistema imunológico do paciente. Com o uso de medicamentos, o organismo do paciente passará a ser capaz de combater o câncer sozinho.

Para muitos, a imunoterapia é considerada o principal avanço já alcançado para o combate ao câncer. Exemplos conhecidos de imunoterapia são as vacina contra o HPV e a Hepatite B.

Nem todos os tipos de câncer podem ser tratados com esse tratamento. Atualmente, o câncer de bexiga, câncer nos rins, câncer de pulmão, leucemia, câncer de cabeça e pescoço, melanomas, linfomas de Hodgkin, câncer de mama e colorretal.

Efeitos colaterais comuns – Fadiga, diarréia, febre, falta de ar, erupções e / ou feridas na pele, náusea, vômito, comichão, dor de cabeça, perda de peso, insônia, diminuição do apetite

ACD (conjugado droga anticorpo) 

É uma nova classe de medicamentos quem vem revolucionando e trazendo resultados promissores em tumores avançados e que não respondem à outros tratamentos padrão.

Esses remédios têm uma ação mais ampla e poderosa do que as imunoterapias atuais e estão sendo usado isoladamente ou em combinação com outros agentes. 

O anticorpo é administrado no paciente e atinge certas células tumorais. Quando isso acontece, ele libera um agente letal somente dentro da célula tumoral. Além ter uma grande eficácia e altas taxas de resposta, ele tem menos efeitos colaterais, pois eles não atingem células saudáveis em grande concentração.

Já existem agentes aprovados para Câncer de Mama Her2 positivo (pacientes com doença metastática tratadas com trastuzumabe ou com tratamento preventivo para metástase em tumores localmente avançados sem resposta completa ao tratamento) e Triplo Negativo. Eles têm sido avaliados também para tumores de pulmão, pâncreas, próstata, bexiga, linfomas B de grandes células. 

Efeitos colaterais comuns – são mínimos, mas há risco de infecções e problemas cardíacos.

Hormonioterapia

Esse é um tratamento para tipos de câncer sensíveis aos hormônios. A terapia de bloqueio hormonal é usada para impedir ou retardar o crescimento de tumores. 

Geralmente é usada em conjunto ou após cirurgias, sessões de quimioterapia e de radioterapia.

A hormonioterapia é feita por meio de comprimidos ou de  injeções periódicas, conforme indicação médica. 

No câncer de mama, a depender do caso a indicação da hormonioterapia pode ser feita por 5 ou 10 anos. O medicamento agirá no bloqueio da função ovariana e da produção de estrógeno e progesterona.

Efeitos colaterais comuns: ondas de calor, secura ou irritação vaginal, fadiga, náusea, constipação, dor de cabeça, dores nas articulações e músculos, mudanças de humor, alteração da libido, espessamento do endométrio, osteoporose, entre outros.